terça-feira, 22 de outubro de 2013

O que sua ausência me causou.



Se já não bastasse sua ausência, ele a deixa esperando por mais ou menos quatro horas todos os dias, olhando de cinco em cinco minutos para a tela do celular. Se já não bastasse pensar o suficiente e se machucar toda noite, ele ainda não consegue entendê-la, não há por que se magoar com isso, ela também não se entende. Mas e se houvesse um tempo em que os dois se entendiam, em que todas as mágoas fossem apenas dos pobres corruptos e seu país que não vai pra frente, em que todo choro fosse só de alegria demais, em todo sorriso fosse verdadeiro, todo carinho fosse uma prova de amor, em que se conectavam mentalmente... Todo o tempo ruim se arruinaria, por si só, e não os atrapalhariam, por que se já não bastasse todo seu amor, ele ainda arranca suspiros dela. 

domingo, 20 de outubro de 2013



Eu tenho muitos talentos. Tenho coragem de sobra. Tenho uma imaginação que varia nos dias que tem chuva. Tenho pouco amor pra dar, mas muita atenção pra distribuir pro mundo inteiro. Um mundo que não merece minha atenção. Eu tenho algumas manias absurdas. Minha mente é tão frágil que eu consigo me machucar sozinha. Eu sou pequena. Tenho um coração que diminuiu, mas não no sentido literal. Gosto de imaginar coisas quando estou dormindo. Histórias, tragédias, dramas, cinema. Eu gosto de imaginar. Eu também nunca coloco as coisas para funcionarem. Eu as deixo só aqui, aqui dentro. E elas permanecem. Constantemente me pego inventando outra estória. De novo. E de novo. De novo. Acordo de manhã e esqueço completamente a história incrível que tinha pensado. Isso é muito duro. Mas dali a pouco já escrevo outra estória. Estórias que, de alguma forma bate com a vida de alguém que estava passando por aqui.

Nunca tive grandes segredos. Todas as pessoas sabem exatamente como e quem eu sou. Elas só não sabem dessas manias absurdas. Eu consigo esconder. É o que eu consigo esconder. O resto, esse negócio de sentimento e blá blá blá, bom, não sou boa em esconder isso, pelo menos não por um bom tempo. Eu consigo deixar vazar, por algum motivo, nunca consigo deixar só pra mim. Eu preciso contar pra alguém, preciso que alguém veja o que eu sinto, o que eu quero, o que eu amo, o que eu odeio, eu preciso que as pessoas saibam dessas coisas. Eu também preciso que elas vejam o que eu sei fazer. Seja lá quais os meus talentos, eu preciso mostrar. 

domingo, 6 de outubro de 2013

Resumo.


Ela gostava dele, de verdade sabe, gostava mesmo. Gostava do jeito de como os dois eram exatamente iguais. Gostava do jeito de como o riso dele combinava com o seu. Gostava das piadas que inventam, das histórias, e de como eram engraçadas. Ela gostava de como os dois não se importavam com o que as outras pessoas iriam falar, de como eles não paravam de rir apesar de todos estarem contra aquela felicidade. Ela gostava de fazer planos absurdos e de sempre estar ao seu lado. Ela gostava da companhia dele. Gostava dos filmes bobos que gostavam de assistir juntos. Gostava da sua mão tímida tentando pegar a mão dela. Gostava de como conseguiam conversar apenas com os olhos, sem dizer absolutamente nada. Ela gostava do seu cheiro porque te lembrava coisas boas. 

Ela gostava mesmo dele. Sabe? Gostava do modo de que ambos sabiam exatamente o que o outro estava pensando. Eles sabiam sempre. Eles agora não sabem mais. Eles não são tão iguais. Quando ele ri, poucas vezes ela sente vontade de rir também. Não existe mais piadas, elas não ficaram mais tão engraçadas. Agora ela se importa ainda mais com ele, porém continua não se importando com as pessoas. Ela cansou de fazer os planos que nunca vão se realizar, ela sabe. A companhia dela se tornou um pesadelo pra ele. Os filmes te lembram um passado bom, mas um presente triste. A mão dele agora, poucas vezes sabe onde a mão dela está. Eles agora se olham, mas ambos pensam coisas diferentes. O cheiro dele a persegue e a faz chorar. Mas a vida tem dessas coisas, não é verdade? 

domingo, 8 de setembro de 2013

Jeito dele.



O cheiro dele fica na cama, no sofá, no travesseiro, nos lençóis, ah! Principalmente nos lençóis da minha cama. É um cheiro único, raro, não é normal encontrar um desses por aí, ainda mais por aí. Costuma me puxar pelo cabelo e falar que eu sou só tua, naquele momento, naquele dia, naquela noite, eu sou dele sem ele ter que precisar falar, sem ter ao menos que me olhar daquele jeito com aqueles olhos claros, mas que de vez em quando ficam tão mais escuros quanto os meus. E me diz que precisa de mim numa cama nos primeiros dias, e que depois podemos fazer coisa no banheiro masculino de alguma festa sem ser convidados, mas que primeiro me quer em sua cama, ou em qualquer cama. Orgasmos. Fizemos coisas. 
Me pegou pela cintura no corredor do Hotel, me jogou na parede e de repente eu ouvi um grito, e rimos juntos até chegar na porta do quarto. Dali em diante tudo não passava de céu. Me jogou mais uma vez contra a parede e me disse que queria estar boa parte do tempo com a mão deslizando sobre mim. Não consegui responder e foi como se eu saísse fora de mim, eu estava naquela hora nas suas mãos, ele podia fazer qualquer coisa, eu era sua, como ele sempre tinha falado. Mais uma noite, mais um dia, e eu era só sua.
As suas mãos são as maiores que eu já vi, e costumam ficar grudada em mim a maior parte do tempo quando estou com ele. Na verdade eu penso nelas todos os dias. Sua boca é a que eu mais sinto vontade de tocar, seja com as minha mãos ou com a minha própria boca. Eu já falei dos olhos dele como costumam variar de tom? E da sua pouca barba grossa? Ela se coça em mim, fica linda na luz do dia, combina com ele, é sexy. Mas geralmente deito em sua barriga e fico um bom tempo por lá, me trás paz, calmaria. E seu sorriso bobo é o que eu mais gosto, é torto e tão grande, me faz rir também. O jeito dele. Esse é o jeito dele.         

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ei, moço.




Toda trama que rola nessa cama é um drama que você tenta me explicar, dia e noite, sem fim. Todo riso teu é uma forma insensata de querer chamar minha atenção. Todo esse teu gosto, moço, me faz querer por perto o teu cheiro, só pra ficar com aquela vontade de te morder, de te sentir. Toda essa sua mania de falar de lado, escutar errado, ser teimoso, moço, me faz querer ainda mais o teu gosto, e enfim te multiplicar. Todos deveriam te provar, mas esse meu jeito, que eu só sei por que me acostumei, ser egoísta de te guardar só pra mim. 

Toda história que rola pelos cantos, são restos. Descobri que quando há história, há restos, há memórias. Mas todas essas lembranças passam despercebidas, moço. E todo o seu ser, essa tua exceção, essa tua alma, tua aura, teus sentidos, teus jeitos, bobos, tolos, sem graça, sem jeito, sem nexo, sem mim, e já não é nada sem mim, por que perto de mim você fica bobo, palhaço, e me desfaço, e deito, e tua trama recomeça, e essa trama e toda incerta, dá medo, dá um jeito, e você pensa em mim, vem dar um jeito em mim... Moço.    

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Irreal.



A gente se distancia, pra que talvez recomece bem. Pra que talvez o frio que me faz um bem possa voltar. Eu que não pensei em você todos os dias, eu que estou aqui com um cigarro na mão, eu que naquele dia te queria. Você menos que isso me encantou, contou aos ventos os meus segredos, e meus beijos como eram bons. E se um dia, eu começar a cantar, se eu gravar um CD, se eu ficar famosa pra você. E se um dia, eu for atriz, gravar terror, meretriz, que foi embora, não disse Adeus. E quando você me disser que já cansou, já nem se importa já tá calor, eu vou-me embora. E quando for a hora eu vou seguir, mas já passou os dias tensos, e já passou tanto tempo pra que eu possa me calar. E pra que eu possa te arrumar eu te invento outros segredos, dessa vez você me escuta, eu tenho coisas pra contar, mas esconda daqueles ventos, vem pra cá, lá fora é frio.


Acalmo-te e te dou um beijo, vai ficar tudo bem, estou disposta a te aturar, mas nos dias que eu querer ir embora, me puxe para dentro de casa, brigue comigo, faça um escândalo, só não me mande embora outra vez. Pertenço a um lugar bem longe daqui, onde eu posso ir e de vez em quando posso tocar nas abstratas flores sem raiz. De vez em quando posso ir lá, falar besteira ou voar. Quem sabe um dia eu possa te levar pra ver as cores que nunca viu, as coisas raras que já sonhou ou mesmo os teus sonhos mais estranhos, ou quem sabe você já tem um mundo aonde vai algumas vezes. Fecha os olhos e estou nele, posso te ver bem lá em cima, estou perto de você. Você me dá a mão e criamos uma corda fina, uma conexão. Mas quem diria que no seu mundo eu sou tão grande, quase gigante, só não sou real.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Segredos



Sinto que mudei o jogo, troquei as regras, perdi o rumo, soltei as cordas, pulei do muro, estou do lado errado, perdi sorrisos, mudei teu jeito, sorri de lado, chorei escondido, esqueci momentos, lembrei de coisas, falei daquele jeito, fiquei frustrada, me assustei, mudei a lógica, troquei abraços por noites quietas, perdi teus olhos, quebrei promessas, destruí teu riso, gritei baixo, abri caminhos errados, destinos incertos, provas contrárias, achei e perdi, achei coragem que se perdeu como covarde, cheguei a me esconder, escondi palavras, gestos, sentimentos, emoção, sorriso, lágrima, imagens, brincadeiras, olhares, deixei angústia, desespero, insegurança, o pior dos meus sorrisos. Te dei muita dor, mas também te trouxe muita paz.