quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ei, moço.




Toda trama que rola nessa cama é um drama que você tenta me explicar, dia e noite, sem fim. Todo riso teu é uma forma insensata de querer chamar minha atenção. Todo esse teu gosto, moço, me faz querer por perto o teu cheiro, só pra ficar com aquela vontade de te morder, de te sentir. Toda essa sua mania de falar de lado, escutar errado, ser teimoso, moço, me faz querer ainda mais o teu gosto, e enfim te multiplicar. Todos deveriam te provar, mas esse meu jeito, que eu só sei por que me acostumei, ser egoísta de te guardar só pra mim. 

Toda história que rola pelos cantos, são restos. Descobri que quando há história, há restos, há memórias. Mas todas essas lembranças passam despercebidas, moço. E todo o seu ser, essa tua exceção, essa tua alma, tua aura, teus sentidos, teus jeitos, bobos, tolos, sem graça, sem jeito, sem nexo, sem mim, e já não é nada sem mim, por que perto de mim você fica bobo, palhaço, e me desfaço, e deito, e tua trama recomeça, e essa trama e toda incerta, dá medo, dá um jeito, e você pensa em mim, vem dar um jeito em mim... Moço.    

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Irreal.



A gente se distancia, pra que talvez recomece bem. Pra que talvez o frio que me faz um bem possa voltar. Eu que não pensei em você todos os dias, eu que estou aqui com um cigarro na mão, eu que naquele dia te queria. Você menos que isso me encantou, contou aos ventos os meus segredos, e meus beijos como eram bons. E se um dia, eu começar a cantar, se eu gravar um CD, se eu ficar famosa pra você. E se um dia, eu for atriz, gravar terror, meretriz, que foi embora, não disse Adeus. E quando você me disser que já cansou, já nem se importa já tá calor, eu vou-me embora. E quando for a hora eu vou seguir, mas já passou os dias tensos, e já passou tanto tempo pra que eu possa me calar. E pra que eu possa te arrumar eu te invento outros segredos, dessa vez você me escuta, eu tenho coisas pra contar, mas esconda daqueles ventos, vem pra cá, lá fora é frio.


Acalmo-te e te dou um beijo, vai ficar tudo bem, estou disposta a te aturar, mas nos dias que eu querer ir embora, me puxe para dentro de casa, brigue comigo, faça um escândalo, só não me mande embora outra vez. Pertenço a um lugar bem longe daqui, onde eu posso ir e de vez em quando posso tocar nas abstratas flores sem raiz. De vez em quando posso ir lá, falar besteira ou voar. Quem sabe um dia eu possa te levar pra ver as cores que nunca viu, as coisas raras que já sonhou ou mesmo os teus sonhos mais estranhos, ou quem sabe você já tem um mundo aonde vai algumas vezes. Fecha os olhos e estou nele, posso te ver bem lá em cima, estou perto de você. Você me dá a mão e criamos uma corda fina, uma conexão. Mas quem diria que no seu mundo eu sou tão grande, quase gigante, só não sou real.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Segredos



Sinto que mudei o jogo, troquei as regras, perdi o rumo, soltei as cordas, pulei do muro, estou do lado errado, perdi sorrisos, mudei teu jeito, sorri de lado, chorei escondido, esqueci momentos, lembrei de coisas, falei daquele jeito, fiquei frustrada, me assustei, mudei a lógica, troquei abraços por noites quietas, perdi teus olhos, quebrei promessas, destruí teu riso, gritei baixo, abri caminhos errados, destinos incertos, provas contrárias, achei e perdi, achei coragem que se perdeu como covarde, cheguei a me esconder, escondi palavras, gestos, sentimentos, emoção, sorriso, lágrima, imagens, brincadeiras, olhares, deixei angústia, desespero, insegurança, o pior dos meus sorrisos. Te dei muita dor, mas também te trouxe muita paz.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Zerar a vida.



Conta pra ele que sentiu vontade de zerar o jogo só que não conseguiu. Conta que chegou até a metade, mas não conseguiu continuar. Conte a verdade. Se resquícios de histórias com finais fosse bons você não estaria aí desse lado, menina. E quando você se apagar de novo, vai lembrar de novo, seja nos sonos que seus sonhos são mais que isso, são pesadelos. Mas se toda vez você tentar zerar o jogo, se toda vez quiser impedir o destino, não vai conseguir chegar ao final dessa história, se é o que pretende menina.
Conta pra ele às vezes que seu travesseiro reclamou das manchas pretas que surgia por causa do seu rímel que borrou o pobre coitado, nem culpa ele teve. Nunca tivera. Mas conta também porque não tirou sua maquiagem nessa noite. Nessa e em outras tantas. Mostra pra ele sua pele frágil e seus olhos como ficaram abandonados.

Conta por último à falta que fez, das noites que se foram, dos beijos que ficaram em retratos, e mostra pra ele o vidro quebrado daquele retrato que jogou no chão. Conta que se caso tente zerar o jogo outra vez, que ele te impeça. 

O beijo que o dia dá na noite.





Como seria um beijo entre o dia e a noite? Como se a noite beijasse o dia ao entardecer. Como se houvesse uma conexão. Lamentáveis essas nossas histórias, essas nossas invenções. Caso houvesse esse beijo entre noite e dia, o que seria das poesias? O que seria das provas de amor, algum dia? Seria como explosões. Todos os dias uma mesma explosão. Aquele estalo dos beijos, aquela coisa que não se dá nome, aquela coisa que só se consegue sentir. Completamente abstrato. Todos os sentidos. Todas as histórias, invenções, poesias e provas seriam de alguma maneira uma pequena explosão, e se assim soubessem, uma pequena imitação do que se é de verdade. O beijo entre o dia e a noite. Todas as coisas que não são reais.

Se soubessem que de tempos em tempos o mesmo dia só beija a mesma noite apenas uma vez. E é como se todos os “entardecer” fosse um recomeço, todos os dias uma maneira de evoluir, mudar. Todos os dias se apaixonar.